segunda-feira, 26 de abril de 2010

Poema-coletivo

Catraca
para o paraíso.
Catraqueando o vôo aos montes:
sardinhas nadam, sem vida, e
os galhos são meros galhos,
são secos e cheios de cor.
-Torre da Babilônia

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Defenestrando a massificação da quotidianoeidade



O grupo Defenestração Literária (que tem como órgão o Triunvirato Literário composto por Pedro, André e Thaynah, alunos de Letras Português da Universidade Federal do Espírito Santo) afim de realizar leituras de textos, livros diversos, poesias,contos,crônicas,filmes,histórias em quadrinhos,vídeos diversos,teatro,dança e enfim, toda a demonstração de Arte, Cultura e Literatura que possamos criar e aproveitar, acaba de criar um blog para divulgação dos trabalhos, dos textos e outros.
Vocês, leitores, que adentram este caminho - sem volta!- ainda têm escolha. Porém, nós não! Estamos a criar, escrever, tomar cafés, divulgar, divagar e lutar sobre - e sob - as letras do campo de batalha que é o papel. Tudo isso junto!
E convidamos você, leitor (a), a entrar neste mundo conosco - da forma que melhor lhe há de deleitar!


Defenestre!

Contato: triunviratuslitterae@hotmail.com
Enviem e-mails! Responderemos!

Defenestrai-vos!

"Defenestração

Certas palavras têm o significado errado. Falácia, por exemplo, devia ser o nome de alguma coisa vagamente vegetal. As pessoas deveriam criar falácias em todas as suas variedades. A Falácia Amazônica. A misteriosa Falácia Negra.
Hermeneuta deveria ser o membro de uma seita de andarilhos herméticos. Aonde eles chegassem, tudo se complicaria.
— Os hermeneutas estão chegando!
— Ih, agora é que ninguém vai entender mais nada...
Os hermeneutas ocupariam a cidade e paralisariam todas as atividades produtivas com seus enigmas e frases ambíguas. Ao se retirarem deixariam a população prostrada pela confusão. Levaria semanas até que as coisas recuperassem o seu sentido óbvio. Antes disso, tudo pareceria ter um sentido oculto.
— Alô...
— O que é que você quer dizer com isso?
Traquinagem devia ser uma peça mecânica.
— Vamos ter que trocar a traquinagem. E o vetor está gasto. Plúmbeo devia ser o barulho que um corpo faz ao cair na água. Mas nenhuma palavra me fascinava tanto quanto defenestração. A princípio foi o fascínio da ignorância. Eu não sabia o seu significado, nunca me lembrava de procurar no dicionário e imaginava coisas.
Defenestrar devia ser um ato exótico praticado por poucas pessoas. Tinha até um certo tom lúbrico. Galanteadores de calçada deviam sussufrar no ouvido das mulheres:
— Defenestras?
A resposta seria um tapa na cara. Mas algumas... Ah, algumas defenestravam.
Também podia ser algo contra pragas e insetos. As pessoas talvez mandassem defenestrar a casa. Haveria, assim, defenestradores profissionais.
Ou quem sabe seria uma daquelas misteriosas palavras que encerravam os documentos formais? "Nestes termos, pede defenestração..." Era uma palavra cheia de implicações.
Devo até tê-la usado uma ou outra vez, como em:
— Aquele é um defenestrado.
Dando a entender que era uma pessoa, assim, como dizer? Defenestrada. Mesmo errada, era a palavra exata.
Um dia, finalmente, procurei no dicionário. E aí está o Aurelião que não me deixa mentir. "Defenestraçao" vem do francês "defenestration". Substantivo feminino (...)."


Comédias para se ler na escola - Luís Fernando Veríssimo